Sistemas embarcados, software, carreira e filosofia de vida

- por Sergio Prado

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Trabalhar com sistemas embarcados é uma atividade muito gratificante, mas não é nada fácil. Manter-se atualizado com as últimas novidades tecnológicas é uma atividade que consome muito tempo. É muita coisa acontecendo ao mesmo tempo. São novos modelos de CPU, com novos periféricos e novos protocolos de comunicação. Um leque imenso de diferentes sistemas operacionais e linguagens de programação, com suas diferentes bibliotecas e APIs. Como fazer para não deixar a peteca cair? A capacidade técnica ajuda, mas não é suficiente. Você precisa de muito mais para crescer nesta área.

Dois dos posts mais acessados do blog são sobre como se tornar um desenvolvedor de software embarcado e como se tornar um desenvolvedor de Linux embarcado. E ambos são basicamente focados no desenvolvimento técnico. Mas qual é o conjunto de atitudes e habilidades pessoais necessárias para um profissional atuar em uma área dinâmica como a de sistemas embarcados?

Terminei de ler recentemente 2 livros que me fizeram pensar nisso.

O DESENVOLVEDOR DE SOFTWARE E SUAS HABILIDADES HUMANAS

Coders at Work: Reflections on the Craft of Programming é um livro de entrevistas com algumas das cabeças mais pensantes do universo de desenvolvimento de software. O livro é longo, com 15 entrevistas ao total. Estão lá Douglas Crockford (criador do padrão JSON, usado em aplicações AJAX), Brendan Eich (criador do Java Script), Joe Armstrong (criador da linguagem Erlang), Peter Norvig (diretor de pesquisas do Google), Ken Thompson (um dos desenvolvedores originais do UNIX e criador da linguagem B, precursora da linguagem C) e Donald Knuth (autor da bíblia "The Art of Computer Programming"), dentre outros.

É um verdadeiro relato da história da computação, sob diferentes pontos de vista. O mais interessante é analisar como estas pessoas enfrentaram os desafios em suas carreiras, cada um à sua época. Além de competência, foi necessário muito foco, disciplina e paixão pela área. Mas o que realmente chama a atenção neste livro é a importância dada à habilidade de saber se comunicar quando trabalhamos com desenvolvimento de software.

VOCÊ SABE EXPRESSAR UMA IDÉIA EM PALAVRAS?

Já dizia o mestre Knuth: "Um programa é essencialmente um trabalho de literatura". Se você nunca encarou o software que desenvolve desta forma, é melhor começar a rever seus conceitos. Programar é uma arte. É um trabalho criativo. Mas é também um mecanismo de expressar idéias em palavras, dentro das regras de sintaxe e da semântica da linguagem.

E para realizar esta atividade, você precisa de habilidades de comunicação e empatia. Não escreva o código para você, escreva para os outros lerem. Quanto melhor você conseguir se comunicar através de seus códigos, melhor programador você será. E nenhum livro vai te ensinar isso de forma plena. Então tenha paciência, leia muito, e leia de tudo. Escreva, reescreva, aprenda com seus erros. Com o tempo, você se surpreenderá com os níveis de simplicidade e clareza que irá atingir ao se comunicar através de uma linguagem de programação.

O DECLIVE

The Dip: A Little Book That Teaches You When to Quit (and When to Stick) é um livro totalmente diferente. Escrito por Seth Godin, um dos maiores escritores sobre marketing e empreendedorismo da atualidade, tem uma linguagem simples e direta. Quebra o paradigma de que desistir de algo é ruim. Desistir é bom, se você desistir das coisas certas. A sabedoria esta em saber distinguir aquilo que deve persistir daquilo que deve desistir. O livro é pequeno, e você não vai querer parar de ler antes de terminar.

Mas ele tem um objetivo: te tirar da zona de conforto!

DAQUI NÃO SAIO

Se você esta se sentindo confortável com sua carreira e com as coisas que estão acontecendo na sua vida, então alguma coisa esta errada. Você esta na zona de conforto. Você se tornou uma pessoa mediana, e que sempre terá resultados medianos.

Se você esta satisfeito com isso, não tem problemas. Mas saiba que você poderia estar produzindo muito mais. Talvez você ainda não tenha descoberto aquilo que realmente te move, que mexe com você, que dá sentido aos teus projetos pessoais. Porque quando você descobrir, verá que essa conversa de vida profissional e vida pessoal é besteira. Você só tem uma vida, e esse é o segredo da realização pessoal.

Mas como sair desta zona de conforto? Tudo começa com pequenas atitudes. Dedique algumas horas por semana para aprender algo novo. Depois de 1 ano, você terá aprendido 52 "coisas novas"! Uma nova CPU? Uma nova linguagem de programação? Aquele protocolo de comunicação que você ouviu falar? Tanto faz, o que importa é exercitar seu aprendizado e sua curiosidade.

Tenha também seus próprios projetos pessoais. Você pode ter um blog, manter um software open-source, desenvolver um robô que fala, escrever um livro ou projetar um foguete! Mas não se limite apenas às suas atividades profissionais.

E por falar em atividades profissionais, não arrisque sua vida trabalhando duro por alguém, trabalhe por você! Você não esta vendendo seu tempo, esta investindo. A motivação financeira é uma parte importante, mas não será ela que irá te dar a energia que precisa. Pode perguntar para qualquer profissional ou empreendedor de sucesso. Eles são motivados por uma idéia, uma paixão. O resto é consequência!

Mas Sergio, não tenho tempo para fazer isso! Então eu te digo, você tem sim! O que você não tem são prioridades. Priorize as coisas certas, e você terá tempo para fazer o que precisa.

Um sonho, um plano, e prioridades. É tudo o que você precisa para chegar lá. E nesse meio tempo não se esqueça do mais fundamental: divirta-se! Você será aquilo que decidiu ser. Nada mais, nada menos.

Um abraço,

Sergio Prado

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