Relato do ESC Brasil 2011 – Dia 1

- por Sergio Prado

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Aconteceu hoje em São Paulo a primeira edição do Embedded System Conference em terras tupiniquins – o ESC Brasil 2011.

Com mais de 1.000 inscritos para visitação e em torno de 300 inscritos nas conferências, superou bastante a expectativa dos organizadores. E o local de exposição ficou pequeno com tanta gente circulando por lá. Estavam presentes empresas como a Texas Instruments, Freescale, Renesas, ARM, AMD, Intel e IAR, dentre outras.

A conferência estava separada em três tracks diferentes, mais dois tracks de palestras patrocinadas. De manhã, foram dois keynotes e uma palestra, e à tarde mais duas palestras. Difícil foi selecionar o que assistir. Teve gente que ficou "pingando" de sala em sala. Eu preferi escolher uma e ficar, por mais que quisesse dar uma "espiadinha" para ver o que estava acontecendo ao lado.

No geral, as palestras foram boas, apesar de uma ou outra ter um lado um pouco mais comercial.

Franki Joqui, da Intel, abriu a conferência com o keynote "Um mundo Embedded com inovação". Seu foco foi sobre como a tecnologia embarcada pode mudar a vida das pessoas. Não estamos construindo dispositivos, e sim experiências. E nenhum dispositivo embarcado é uma ilha. Eles estarão cada vez mais conectados, e disponíveis em todo lugar. E então ele mostrou alguns vídeos de projetos (da Intel, claro) onde o foco estava na experiência do usuário. No final, ficaram três conceitos básicos que podem ditar o futuro do mercado Embedded: experiência do usuário, eficiência e conectividade em tempo real.

O segundo keynote foi dado por Mark Kraeling da GE Transportation, com o tema "Protegendo seguramente nosso futuro Embedded". Foi um keynote mais ao estilo palestra mesmo. Em certos momentos, fiquei meio perdido tentando identificar a mensagem que ele queria passar. Ele falou sobre a evolução do mercado Embedded e da venda de CPUs, definiu segurança, depois falou sobre RTOS e multicore. Temas meio desconexos e "jogados ao vento". No fim, pude perceber que o que ele queria ressaltar era a importância da confiabilidade e da segurança em sistemas embarcados, conforme vemos a evolução de dispositivos cada vez mais conectados entre si e com o mundo.

Depois do coffee break, assisti a palestra do Matt Gordon da Micrium, desenvolvedora do famoso RTOS uC/OS-II e uC/OS-III. Confesso que no fim fiquei um pouco desapontado. Não por ela ter sido ruim (muito pelo contrário, o assunto foi apresentado de forma bem clara e didática). Mas me senti decepcionado por ela ter apresentado fundamentos de RTOS os quais já tenho certo conhecimento. As vantagens do uso de um kernel, inicialização, troca de contexto e algoritmos de escalonamento. No fim, faltou tempo para apresentar conceitos importantes como mecanismos de sincronização, comunicação entre tarefas e proteção de recursos. De qualquer forma, valeu para refrescar a memória com alguns conceitos importantes, além de ajudar àqueles que estão iniciando os estudos em RTOS.

Depois do almoço, assisti a ótima palestra do Rodrigo da Unifei sobre implementação de micro-kernel. Para deixar todos na mesma página, ele apresentou conceitos necessários para quem quer se aventurar no desenvolvimento de um kernel, como ponteiros de função, estruturas e ponteiros para void. Depois, apresentou as características do seu kernel: cooperativo, sem gerenciamento de memória e escalonamento baseado no timer. Aos poucos ele foi apresentando a implementação do kernel, função a função. Com uma webcam ele mostrou o sistema funcionando em um kit de desenvolvimento com PIC. Uma pena que faltou tempo para ele se aprofundar em conceitos como abstração de interrupção e controladora de drivers.

A última palestra do dia foi a mais "comercial". Ronan Synnott da ARM falou sobre "Solução de depuração profissional para Linux em ARM". O nome me atraiu, e acho que atrairia qualquer um que trabalhe com Linux embarcado. Mas o que vimos na palestra foi a apresentação das funcionalidades da ferramenta comercial DS-5 da ARM. E a ferramenta até que é interessante, abstrai do desenvolvedor todo trabalho de configurar uma depuração via JTAG (para o Kernel) ou GDB (para as aplicações). Pode gerar também relatórios de tempo de execução, consumo de CPU e outros profiles. Mas estas informações são facilmente encontradas no website da ARM. Desnecessário.

No final do dia, ainda tive a oportunidade de entrevistar o pessoal da Texas Instruments. Devo publicar esta entrevista nos próximos dias.

Foi um primeiro dia bem corrido. E se este foi um teste para dizer se o Brasil esta preparado para o mercado de Sistemas Embarcados, acho que passamos com nota 10! :)

Amanhã tem mais… Até lá!

Um abraço,

Sergio Prado

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