Recebi recentemente do pessoal da FILIPEFLOP uma placa BeagleBone Green para análise.

A BeagleBone Green é uma versão da BeagleBone desenvolvida através de uma parceria entre o pessoal da Beagleboard.org e da Seeed Studio. O principal objetivo do projeto foi reduzir os custos de produção (e consequentemente de venda) da BeagleBone Black e adicionar suporte à plataforma Grove da Seeed Studio.

Comparada à BeagleBone Black, a versão verde possui a mesma capacidade de processamento e memória, com um processador da Texas Instruments AM335x 1GHz ARM Cortex-A8, 1G de RAM e 4G de eMMC.

Mas possui algumas diferenças, incluindo a adição de dois conectores Grove, um sistema modular criado pela Seeed Studio para estender as funcionalidades da plataforma de hardware, com dezenas de módulos disponíveis, dentre eles sensores de luz, umidade, temperatura e gás, acelerêmetro, giroscópio, GPS, RFID, Bluetooth, XBee, motor, display LCD, etc! Mais informações sobre esta plataforma e os diversos módulos existentes estão disponíveis na página Wiki do projeto.

Para incluir os conectores Grove, foi necessário remover o conector HDMI e alterar a posição do conector USB Host, que ficou do lado do conector Ethernet, consequentemente fazendo com que o conector da alimentação virasse passado. Agora a alimentação é feita somente pela USB, cujo conector também mudou de mini USB para micro USB.

Inicialmente, eles queriam adicionar também uma bateria para alimentar o RTC, mas parece que decidiram abandonar esta idéia e a versão final ficou sem a bateria.

No final, a BeagleBone Green ficou $16 mais barata que a BeagleBone Black!

Toda a documentação do projeto está disponível em uma página Wiki no site da Seeed Studio, e já existem vários projetos de exemplo, como este que transforma a BeagleBone Green em uma plataforma de IoT.

O KIT DE DESENVOLVIMENTO

O kit de desenvolvimento vem com a placa, um cabo USB para a alimentação e o manual do usuário. Achei o cabo de alimentação bastante curto (em torno de 15cm), então prepare-se para adquirir outro cabo se precisar de uma distância maior entre a placa e a fonte de alimentação ou porta USB do PC.

Já no lado do software, o funcionamento é idêntico ao da BeagleBone Black.

A placa vem com uma versão do Debian instalado na eMMC. Ao conectá-la no PC, será identificada pelo sistema operacional como um dispositivo de armazenamento, e ao abrir o arquivo START.htm, o usuário será redirecionado para uma página web em um servidor rodando na placa, poderá abrir o ambiente de desenvolvimento Cloud9 e desenvolver aplicações em Javascript através da biblioteca Bonescript. Já escrevi um pouco sobre estas ferramentas no artigo “Primeiras impressões da BeagleBone Black“.

Como não temos mais uma interface gráfica para interagir com a placa, o ideal é ter um cabo serial para acessar a console do sistema. Mais sobre este processo no artigo “Acessando a console serial na BeagleBone Black“.

VALE A PENA?

Muitos podem reclamar da remoção da interface HDMI. Eu já achei uma boa idéia. A maioria dos projetos que vi com a Beagleboard Black não utilizavam a saída HDMI. Neste caso, remover o suporte à interface HDMI para diminuir os custos faz muito sentido.

E se você quer desenvolver um mediacenter ou qualquer outra aplicação que exija interface gráfica, compre uma Raspberry Pi ou outra placa equivalente e seja feliz! :)

Já se o seu objetivo é interfacear com hardware externo, precisa de conectividade e respostas rápidas e determinísticas à eventos (com a ajuda das PRUs), as BeagleBones podem ser uma boa opção, e agora com a BeagleBone Green, pelo custo mais baixo, pode ser a solução ideal.

A placa custa $39 no momento em que escrevo este artigo, e pode ser comprada na Seeed Studio ou adquirida diretamente com o pessoal da FILIPEFLOP, a primeira empresa no Brasil a distribuir esta placa.

Um abraço,

Sergio Prado