Relato do ESC Brasil 2011 — Dia 2

- por Sergio Prado

Categorias: Eventos Tags: ,

Acabou o ESC Brasil 2011. Foram dois dias de tecnologia embarcada na veia, palestras de boa qualidade e muito networking.

Para quem não leu, escrevi ontem sobre como foi o primeiro dia do evento. Hoje o dia também foi bem agitado. Tivemos dois keynotes e uma palestra pela manhã, mais duas palestras à tarde.

O dia começou com o já "abrasileirado" Jack Ganssle contando um pouco da história da eletrônica e dos 40 anos do microprocessador. O Jack é assim: você pode dar a ele uma palestra sobre os hábitos noturnos dos ornitorrincos, e ele fará você se interessar, prender sua atenção e até dar umas boas risadas. 

Começou com a invenção das válvulas e do primeiro rádio em 1923, passando pelo primeiro computador digital útil, o Colossus, em 1944, e depois o famoso ENIAC em 1946. A história passou por diversos computadores baseados em válvula até a invenção do transistor em 1947 e depois a primeira CPU, o Intel 4004, em 1971. Jack arrancou algumas risadas exibindo uma foto sua de 1972. Daí foi um pulo para a evolução da computação pessoal. 

Ele terminou a palestra com uma visão de futuro onde os robôs cuidariam da parte mecânica do trabalho, enquanto que os seres humanos estariam focados no lado pensante, no aprendizado, no auto-conhecimento e na melhoria das relações pessoais. Só espero que o Jack não seja um robô querendo dominar o mundo… Thanks Jack!

Já o segundo keynote, confesso que não consegui assistir até o fim. Rob Oshana, da Freescale, apresentou o tema "Desafios e oportunidades de processamento multicore para sistemas embarcados". Multicore é um tema interessante, sempre na moda, mas a palestra deu sono. O discurso foi muito mais focado em business do que algo mais técnico. Por que usar um sistema multicore, suas vantagens, integração com DSP e gráficos 3D, etc. Não estava agregando muito. Fui para o coffee break.

Depois assisti a melhor palestra do evento que estive presente. Nick Lethaby, da TI, apresentou o tema "Selecionando um sistema operacional para uma aplicação integrada". Ele dividiu basicamente em três nichos de mercado. Usar um FM-RTOS, ou Flat Memory RTOS (Nucleos, uC/OS-II, FreeRTOS, etc), em microcontroladores sem MMU e com pouca memória. Usar um PM-RTOS, ou Protected Memory RTOS (QNX, VxWorks, etc) em sistemas com MMU e necessidades de real-time. Usar o HLOS, ou High Level OS (Linux, WinCE, Android, etc) em sistemas com MMU mas sem requisitos de real-time. Apresentou vantagens e desvantagens de cada tipo de SO, e características importantes como tempo de latência e tempo de execução de uma interrupção, alocação de memória e consumo de memória flash e RAM. Uma visão geral das tecnologias usadas em sistemas operacionais, e um processo consistente de escolha do melhor para determinada aplicação.

Depois do almoço, assisti a palestra "Usando Linux como sistema de tempo real", apresentada pelo Gustavo Barbieri da Profusion. A palestra estava baseada na árvore de patchs RT_PREEMPT do kernel, que transforma o Linux em um sistema de tempo real. Foram apresentadas técnicas de escalonamento do kernel do Linux e a influência de sistemas multicore, além de conceitos como inversão de prioridade e spinlocks. Já conhecia boa parte destes conceitos, mas gostei do exemplo usado para mostrar como tudo isso funciona na prática. Eles deixaram um media player tocando uma música em uma placa da Freescale, e ao executar uma aplicação de alto processamento, o player "engasgava", e a qualidade do som ficava péssima. Mas quando era aplicado uma prioridade maior para a tarefa do media player, o som voltava a funcionar normalmente, mesmo com a aplicação de alto processamento ainda em execução. E aí, vai encarar os patches de real-time no seu kernel também? :)

A última palestra foi… Bem, não assisti à última palestra. Aproveitei o resto do dia para bater um papo com o pessoal, visitar alguns expositores e fazer networking. Fiz ótimos contatos, que poderão inclusive trazer novidades interessantes para o blog.

Agora, é esperar o ESC Brasil 2012. Enquanto isso, diz aí, você esteve lá? O que achou do evento?

Um abraço!

Sergio Prado

Faça um Comentário

Navegue
Creative Commons Este trabalho de Sergio Prado é licenciado pelo
Creative Commons BY-NC-SA 3.0.